sexta-feira, 15 de junho de 2012

Puglia - Outros Postais


Vilas caiadas de branco, extensos campos de oliveiras, um mar azul, azul. A PUGLIA é uma bela surpresa. E uma outra Itália...

À medida que a A-16 quebra para o interior e vai avançando pela região da Campanha, na altura de Nápoles, a Itália dos cartões-postais vai ficando para trás. Sucedem-se longos descampados cobertos de verde e, ora aqui, ora ali, um vilarejo, um povoadozinho, e mais descampado. As placas deixam de mostrar nomes familiares, como Amalfi ou Salerno, para apresentar pontos de interrogação, como Foggia, Canosa, Andria. Cerca de 250 quilômetros depois o mar se descortina lá na frente, azul de doer. Chegamos à beira-mar da Puglia. Uma imensidão banhada pelas águas transparentes do Adriático, onde pipocam vilas caiadas e um mar de oliveiras centenárias que só acaba na areia da praia.
Deixe pra trás, nas primeiras curvas da estrada, todos os estereótipos. Estamos numa Itália diferente. Sem a beleza escancarada de Veneza, as grifes sofi sticadas de Milão ou os monumentos milenares de Roma. Embora apontada como "a nova Toscana" por revistas do mundo todo, a Puglia não tem as vilas medievais de pedra encarapitadas no alto das colinas, a arquitetura renascentista, as igrejas cobertas de afrescos. É uma outra Itália que os próprios italianos estão descobrindo agora. Com a promessa de virar a bola da vez. 
Antiga Magna Grécia, a região tem um passado de sucessivas dominações. Além de grega, já foi ocupada por venezianos, espanhóis e austríacos antes de retornar às mãos dos italianos de vez, no século 19. Toda essa história deixou marcas por todo canto, seja nas cidadelas muradas, seja nas fazendas fortificadas erguidas ao longo da costa. Hoje, é este cenário que está sendo ocupado aos poucos por hotéis de design, spas, clubes de praia da moda. Com a vantagem de que a Puglia ainda é um segredo bem guardado pelos italianos. E você jamais vai trombar com uma multidão de turistas ou uma frota de ônibus congestionando as ruas de uma vilinha.

O trecho que mais interessa está delimitado entre as cidades costeiras de Bari e Brindisi, interligadas pela rodovia E-55 num percurso de pouco mais de 100 quilômetros. Mas é ao sair da estrada e rodar sem rumo que as surpresas aparecem. A partir do norte, a primeira delas é Polignano a Mare, onde as falésias recortadas desenham praias idílicas. Na seqüência está Monopoli, com um simpático centro histórico de casas brancas e roupas nas janelas, onde a vida segue um ritmo lento. Dali para baixo belas praias se enfi leiram e só mudam de nome: Savelletri di Fasano, Torre Pozzelle, Marina di Ostuni. 
Daria para seguir viagem apenas pela costa, onde o trecho estreito de mar separa a Itália da Grécia e da Croácia e a brisa sopra tranqüila e quente. Mas vale desviar para o interior para conhecer outras duas cidadezinhas especiais. A primeira é Alberobello, famosa pelos trulli, um tipo de casa de paredes arredondadas e tetos cônicos. A maior concentração desse tipo de construção está lá - são mais de mil exemplares. A segunda é Ostuni, também conhecida como "a cidade branca". De longe já dá para ver o centro histórico todo pintado de branco, onde as construções geminadas formam uma teia irregular de vielas e becos. Por todo canto que se olhe, velhas oliveiras de troncos grossos e retorcidos seguem até a linha do horizonte. Lá longe, uma pontinha do mar. A brisa que traz a maresia é só um convite extra para esticar um pouco mais.

Por: Rachel Verano | Foto: André Klotz
Matéria publicada em Viagem e Turismo


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